domingo, 3 de março de 2013

Quando a turma foge do controle...

Se ser mãe é padecer no paraíso, fico me perguntando o que é ser professor, já que, muitas vezes, temos que dar conta de educar não apenas no que diz respeito aos conteúdos, mas também à educação da "moral e dos bons costumes", como dizem por aí.

Quando o ano começou, recebi uma proposta para lecionar Língua Inglesa para o Ensino Fundamental I de uma escola particular da Zona Sul aqui de São Paulo e aceitei. O convite era para os dias que estava livre e, nessa vida de professor, ter uma renda extra é sempre bom (como todo mundo está careca de saber, o salário de professor é extremamente desproporcional ao trabalho que temos).

Embora em minha formação, no curso de Letras/Formação de Professores, tenha sido preparada para lidar com as características dos alunos que estão saindo da infância e ingressando na adolescência e dos que saem da adolescência para a fase adulta, já vinha trabalhando há algum tempo com os pequenos e já me sentia adaptada a eles. Isso, até conhecer a famosa turma do primeiro ano desta nova escola.

Eles são em 16 alunos, a maior turma de crianças que eu já peguei. Dezesseis alunos em uma sala um pouco apertada - acho que aquela sala comportaria com folga 8, no máximo 10 estudantes. Todos eles em adaptação, sofrendo com a falta da soneca da tarde, sendo que as minhas aulas são sempre depois do almoço. 

Eles não me conheciam, por eu ser nova no colégio. Eu não sabia do histórico da turma, porque não tive tempo hábil para conversar com a professora anterior. Somado a isso, me deparo com um perfil de educandos muito mais dependente do que as crianças de 6 anos do colégio em que trabalhava desde o ano passado. Resultado: aconteceu de tudo!

Deparei-me com alunos agressivos, ciumentos, com os extremamente tímidos - que não abriam a boca nem para se apresentar -, com os que me ignoravam por completo - de virar as costas e sair andando enquanto eu estava falando com eles, e o típico perfil de aluno que queria mandar no que eu tinha que fazer.

A primeira aula foi um verdadeiro caos. Na segunda e na terceira, tentei estratégias distintas, para ver se o problema estava comigo ou com os alunos. Em ambas, não deram certo. Procurei as professora anteriores, para ver se isso acontecia só comigo ou não. Elas também apresentaram as mesmas dificuldades. A turma fugiu do controle...

Então, em conversa com a minha coordenadora, mudei a postura. Deixei de ser a professora boazinha e sorridente e encarnei a professora séria/brava. Além disso, resolvi parar o que havia planejado e fazer os Combinados da Turma para as aulas de inglês

Confesso que a mudança de postura é um aprendizado dolorido para mim, porque sempre acreditei na amorosidade. Mas, ou adotava uma postura mais rígida, ou não conseguiria manter um ambiente de ensino e aprendizagem em que os meus pequenos pudessem, de fato, aprender. Quanto aos combinados, me surpreendi com a quantidade de itens que os alunos levantaram. Eles mesmos disseram coisas que deveriam fazer - e que não estavam fazendo - como: ouvir a professora. Enquanto eles falavam, anotei tudo em uma cartolina. Depois, trouxe para casa e fiz o cartaz abaixo:

Sim, fiz os combinados em Português, para ter a certeza de que seriam cumpridos.

Agora, quase um mês depois do início do ano letivo, comecei a conseguir a dar aula. Os alunos me ouvem e eu consigo além de ouvi-los, atendê-los e tirar as dúvidas que surgem. Um mês depois, voltei a dormir sem sonhar com o caos dos alunos. E, um mês depois, eles perceberam que a aula de inglês é coisa séria.

Dessa experiência aprendi que:
1. Conversar com os outros educadores é fundamental: isso ajuda no processo de autorreflexão e na identificação de onde está o problema. Além disso, os professores anteriores sempre vão dizer como os alunos reagem em cada situação - saber como se dão esses processos ajudam a prever problemas e soluções.

2. Entender os problemas dos alunos é um norteador: percebi que esta turma tem uma peculiaridade importante no que diz respeito ao perfil dos alunos. Vários deles têm algum problema familiar e/ou psicológico que afetam na convivência com os demais colegas. Alguns deles fazem terapia e o psicólogo responsável manda pareceres periódicos para o colégio, que apoiam o trabalho dentro da sala de aula.

3. Sair da zona de conforto é imprescindível: confesso que tive muita (mas muita mesmo!) vontade de desistir. Em vários momentos, me questionei se tinha ou não o perfil para trabalhar com essa turminha e se não era o momento de deixar alguém mais qualificado/com mais experiência assumir a turma. Cheguei até a conversar com a minha chefe sobre isso. Entretanto, antes de tomar uma decisão precipitada, resolvi que esgotaria todas as estratégias possíveis. E aqui estou eu, professora deles há um mês. Para isso, tive que sair da minha zona de conforto e mudar alguns dos meus hábitos dentro de sala de aula.

Enfim, conforme o tempo for passando e eu tiver alguma novidade sobre a turma do primeiro ano, compartilho. E vocês? Vocês já tiveram alguma turma que fugiu do controle?! Como lidou com a situação?! Deixe um comentário me contando! Quem sabe a sua dica não pode me ajudar ainda mais com os meus pequenos?! ;)

Beijos e queijos ;)

Um comentário:

  1. Olá! Tem uma Tag pra você lá no blog!
    http://oinfinitocomtrespontos.blogspot.com.br/2013/03/tag-selo-de-indicacao.html

    Confere lá! Beijos

    Lucila
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